Tuesday, 25 March 2008
deixa eu ver...
o que me chama a atenção
é o grupo de 70 a 80 pessoas que estiveram comigo em Tete, na vila do Songo, que margeia a segunda maior usina hidrelétrica da África, Cahora Bassa. por 5 dias. é um campo de concentração ou é um galinheiro? esta cerca vai dar o que falar!
é a eleição pelo parlamento paquistanês do sr. Gillani, empossado pelo sr. Musharaf, que não foi eleito, mas deu o golpe. O sr. Gillani é do partido da Benazir Bhutto, que morreu assassinada por um homem bomba há poucos meses, e que viveu no exílio uns bons anos antes de decidir voltar pro Paquistão num momento delicado, mesmo sabendo que poderia ser assassinada. Lá se foi virar mártir. Deu na eleição do Gillani.
é a dengue no Rio de Janeiro, que cada vez que eu penso que eu vivo no terceiro mundo eu lembro que eu nasci e tenho todos os meus filhos e parentes num dos países mais injustos do mundo. Sim, vem melhorando, mesmo. Posso ver nas estatísticas. Mas para melhorar aquela injustiça toda, precisa muita melhoria.
é que ainda tem mais de 50% da população (segundo uma destas pesquisas de opinião americanas, como todas - suspeita) americana achando que a guerra no Iraque tinha que ter rolado mesmo.
é o absurdo dos filmes que passam nos barcos que fazem o trajeto Dar es Salaam-Zanzibar. Sangue e sangue. Tiros, violência, tortura. E eu reclamando todas as vezes. Mas se um dos filmes tiver um beijo na boca? OH escândalo. Olha, eu admiro e respeito a cultura, mas isso é demais.
é o friozinho na barriga de visitar o Brasil daqui a duas semanas. Reencontrar meus amores.
é um dos meus amigos, que eu sempre amei, a me mandar umas coisas estranhíssimas, cheias de Deus é perdão dos pecados e quetais. Fico de boca aberta. me pergunto: que pecados??
é saber que no Quênia, no meio daquela matança toda, e promoção do ódio pelos dois candidatos - agora dividindo o poder - à presidencia, os parlamentares - símbolo da democracia - ganham em média 8000 dólares por mês, coitadinhos. Parece o nosso brasilzinho.
é coqueiro dançando aqui na minha janela. e o mar turquesa. e as cores extravagantérrimas das mulheres. e outras extravagantes de preto, tudo preto, só os olhos me olham com o prazer de se saberem protegidas e defendidas.
é a manga, todas as manhãs. Bem que Osho, de todas as frutas, preferia a manga. que delírio.
é a definição do Émerson, o dono dos mais exclusivos hotéis em Zanzibar e criador dos festivais de cinema, de música e agora da Ópera de Zanzibar. Com Tharab, a música local. Émerson disse, e eu concordo:
sou um otimista local e um pessimista global. na verdade ele disse "I'm a micro optimist and a macro pessimist".